terça-feira, 1 de junho de 2021

Professores contratados do Município de Juara relatam morosidade nos atos da Comissão Especial.


Que os professores contratados pela rede municipal de ensino de Juara estão passando por uma verdadeira tormenta desde fevereiro não é novidade para a população juarense, mas o que tem causado revolta dos professores, além da situação que o executivo municipal os colocou, é a morosidade da Comissão Especial que foi criada para averiguar os fatos.

A Comissão foi instaurada no dia 19 de fevereiro de 2021 através da RESOLUÇÃO Nº 195 e é composta pelos vereadores Luciano Olivetto, presidente da Comissão, Mônica Costa, secretária, Sandy de Paula, relatora e Eduardo do Box, suplente, ou seja, a Comissão conta com duas advogadas, o que se espera é que a experiência das duas auxilie na averiguação dos fatos.

 

O objeto da averiguação está descrito no artigo 1º da resolução nº 195:

Art. 1º Fica instaurada Comissão Especial com objetivo de averiguar:

I - os atos relacionados aos contratos firmados com os Professores da rede municipal de ensino e o Poder Executivo Municipal, atinente aos exercícios de 2020 e 2021, bem como as ações rescisórias adotadas pela municipalidade acerca dos respectivos contratos;

 

Segundo a resolução nº 195, a Comissão tem o prazo de 120 dias, que pode ser prorrogado, para apresentar o resultado do seu trabalho, porém, os professores relatam que não estão se sentindo representados por essa Comissão, visto que, segundo os mesmos, a morosidade do processo e as inúmeras inibições do executivo municipal estão afetando diretamente a vida desses professores não só na questão financeira como também na questão psicológica desses profissionais.

Relato de uma professora que preferiu não se identificar: “Só fui ouvida pela Comissão depois de mais de cinquenta dias insistindo com a Comissão, a câmara de vereadores não parou seus trabalhos e mesmo assim eu tive que ficar no pé da Comissão para ser ouvida”.

De acordo com a resolução o prazo para finalização dos trabalhos da Comissão se encerra dia 19 de junho, daqui exatos 18 dias, mas a questão a ser levantada aqui é se essa Comissão cumprirá esse prazo em respeito a esses profissionais que já estão exaustos com a espera e com as constantes coibições que vem sofrendo, inclusive em relação à dívida que o executivo alega existir, mas que não as apresentou oficialmente com dados e valores.

Imaginem só como tem sido para esses profissionais terem sua fonte de renda cerceada de forma abrupta nesse momento de pandemia, mesmo depois do executivo municipal, através da secretária de educação afirmar por diversas vezes que esses profissionais não precisavam se preocupar, pois seus empregos estavam garantidos, visto que todos passaram por um teste seletivo que os classificou para atuar e esse processo seletivo foi prorrogado.

O Blog Politizada conversou com os professores contratados sobre o caso e os mesmos foram unanimes em dizer que o executivo municipal em nenhum momento se mostrou realmente disposto a resolver a situação. Seguem relatos dos profissionais da educação:

‘É um momento bem complicado, principalmente por conta da pandemia, não somos só números, não são só contratos, são famílias, seres humanos, são profissionais que estudaram, que sempre deram o seu melhor e estão sendo descartados”.

“Nunca ficamos sem trabalhar, inclusive, fizemos atendimentos fora do nosso horário de trabalho, não tínhamos feriado, nem domingos, por exemplo, atendemos os pais e alunos em período integral e agora dizem que temos uma dívida com a prefeitura”.

“Não estão preocupados se temos comida na mesa, se estamos bem psicologicamente, apenas querem que paguemos uma dívida que não temos”.

“Fico até emocionada em falar sobre isso, pois meu sonho sempre foi ser professora, me dediquei ao máximo e agora estou passando por essa situação como se eu fosse a responsável por um desfalque para a prefeitura”.

“Me sinto um lixo pela forma como estou sendo tratada, não é só uma questão financeira é questão de humanidade, meu psicológico está balado, tenho tido crises de ansiedade, me sinto desvalorizada, humilhada”.

“Toda segunda-feira é um gatilho para as crises de ansiedade que tenho tido. Fui convocada pela secretaria de educação para substituir uma professora e, dessa forma, pagar a tal dívida que até hoje não foi comprovada e respondi oficialmente que estava a disposição para trabalhar, mas que queria a garantia de que receberia pelo trabalho e como resposta fui notificada que meu contrato seria rescindido. Fui surpreendida com a rescisão do contrato e até meu terço de férias, que eu deveria ter recebido em fevereiro, foi bloqueado para pagar a uma dívida que eu desconheço”

“Os vereadores que compõe a Comissão estão com seus salários em dia e talvez seja por esse motivo que não fazem ideia do que estamos passando, é fácil manter a calma com comida na mesa”.

O Blog Politizada vai continuar acompanhando o caso dos professores, principalmente o desfecho da Comissão Especial e os próximos atos do executivo municipal.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário