Que os professores contratados pela rede
municipal de ensino de Juara estão passando por uma verdadeira tormenta desde
fevereiro não é novidade para a população juarense, mas o que tem causado
revolta dos professores, além da situação que o executivo municipal os colocou,
é a morosidade da Comissão Especial que foi criada para averiguar os fatos.
A Comissão foi instaurada no dia 19 de
fevereiro de 2021 através da RESOLUÇÃO
Nº 195 e é composta pelos vereadores Luciano Olivetto, presidente
da Comissão, Mônica Costa, secretária, Sandy de Paula, relatora e Eduardo do
Box, suplente, ou seja, a Comissão conta com duas advogadas, o que se espera é
que a experiência das duas auxilie na averiguação dos fatos.
O
objeto da averiguação está descrito no artigo 1º da resolução nº 195:
Art.
1º Fica
instaurada Comissão Especial com objetivo de averiguar:
I - os
atos relacionados aos contratos firmados com os Professores da rede municipal
de ensino e o Poder Executivo Municipal, atinente aos exercícios de 2020 e
2021, bem como as ações rescisórias adotadas pela municipalidade acerca dos
respectivos contratos;
Segundo a resolução
nº 195, a Comissão tem o prazo de 120 dias, que pode ser prorrogado, para
apresentar o resultado do seu trabalho, porém, os professores relatam que não
estão se sentindo representados por essa Comissão, visto que, segundo os
mesmos, a morosidade do processo e as inúmeras inibições do executivo municipal
estão afetando diretamente a vida desses professores não só na questão
financeira como também na questão psicológica desses profissionais.
Relato de uma
professora que preferiu não se identificar: “Só fui ouvida pela Comissão depois
de mais de cinquenta dias insistindo com a Comissão, a câmara de vereadores não
parou seus trabalhos e mesmo assim eu tive que ficar no pé da Comissão para ser
ouvida”.
De acordo com a
resolução o prazo para finalização dos trabalhos da Comissão se encerra dia 19
de junho, daqui exatos 18 dias, mas a questão a ser levantada aqui é se essa
Comissão cumprirá esse prazo em respeito a esses profissionais que já estão
exaustos com a espera e com as constantes coibições que vem sofrendo, inclusive
em relação à dívida que o executivo alega existir, mas que não as apresentou
oficialmente com dados e valores.
Imaginem só como
tem sido para esses profissionais terem sua fonte de renda cerceada de forma
abrupta nesse momento de pandemia, mesmo depois do executivo municipal, através
da secretária de educação afirmar por diversas vezes que esses profissionais
não precisavam se preocupar, pois seus empregos estavam garantidos, visto que
todos passaram por um teste seletivo que os classificou para atuar e esse
processo seletivo foi prorrogado.
O Blog Politizada
conversou com os professores contratados sobre o caso e os mesmos foram
unanimes em dizer que o executivo municipal em nenhum momento se mostrou
realmente disposto a resolver a situação. Seguem relatos dos profissionais da
educação:
‘É um momento bem
complicado, principalmente por conta da pandemia, não somos só números, não são
só contratos, são famílias, seres humanos, são profissionais que estudaram, que
sempre deram o seu melhor e estão sendo descartados”.
“Nunca ficamos sem
trabalhar, inclusive, fizemos atendimentos fora do nosso horário de trabalho,
não tínhamos feriado, nem domingos, por exemplo, atendemos os pais e alunos em
período integral e agora dizem que temos uma dívida com a prefeitura”.
“Não estão
preocupados se temos comida na mesa, se estamos bem psicologicamente, apenas
querem que paguemos uma dívida que não temos”.
“Fico até
emocionada em falar sobre isso, pois meu sonho sempre foi ser professora, me
dediquei ao máximo e agora estou passando por essa situação como se eu fosse a
responsável por um desfalque para a prefeitura”.
“Me sinto um lixo
pela forma como estou sendo tratada, não é só uma questão financeira é questão
de humanidade, meu psicológico está balado, tenho tido crises de ansiedade, me
sinto desvalorizada, humilhada”.
“Toda segunda-feira
é um gatilho para as crises de ansiedade que tenho tido. Fui convocada pela
secretaria de educação para substituir uma professora e, dessa forma, pagar a
tal dívida que até hoje não foi comprovada e respondi oficialmente que estava a
disposição para trabalhar, mas que queria a garantia de que receberia pelo
trabalho e como resposta fui notificada que meu contrato seria rescindido. Fui
surpreendida com a rescisão do contrato e até meu terço de férias, que eu
deveria ter recebido em fevereiro, foi bloqueado para pagar a uma dívida que eu
desconheço”
“Os vereadores que
compõe a Comissão estão com seus salários em dia e talvez seja por esse motivo
que não fazem ideia do que estamos passando, é fácil manter a calma com comida
na mesa”.
O Blog Politizada
vai continuar acompanhando o caso dos professores, principalmente o desfecho da
Comissão Especial e os próximos atos do executivo municipal.
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